E no meio de uma conversa surge o tema: pessoas feitas em série.
Fato. Muito já refleti e escrevi sobre o que considero as mazelas da sociedade atual: falta de motivação, poucas virtudes, falta de empatia, pensamentos supérfluos, pouco posicionamento...
Enfim, falta muita coisa. Mas "o que é que falta"? Faltam diferenças. Para entender o que eu quero dizer, proponho uma experiência sensorial: vá até um shopping no meio de uma tarde de sábado ou domingo. Sente-se em um dos bancos que ficam nos corredores e fique algumas horas observando as pessoas que passam. Tente identificar padrões de conduta, como roupas, modos, conversas ou objetivos. Se o shopping não for uma boa escolha, vá até uma festa, sente-se no balcão do bar, peça uma cerveja (ou o que mais lhe agradar) e observe homens e mulheres. Observe seus interesses, conversas, estilos... Não está satisfeito? Vá para a academia. Vá para um show. Um teatro. Cinema. O centro de sua cidade. Supermercado... Se a experiência foi bem realizada, você terá observado que cada vez mais as pessoas estão parecidas umas com as outras. O sentimento de déjà-vu será unanimidade: "será que já não vi esta pessoa antes?" ou "tenho a impressão de que todos são iguais...". Não estou aqui propondo uma discussão sobre os fatores que levam ao resultado (o que deixam as pessoas iguais), e sim propondo uma alteração na percepção da sociedade. Fato é que cada vez mais tenho a sensação de o mundo está convergindo para um ponto de estagnação, onde cada pessoa é igual àquela que está ao seu lado. Sem diferenças. Um mundo meio Aldous Huxley, em seu "Admirável Mundo Novo" (aliás, livro cuja leitura é altamente recomendável - compre aqui), onde as pessoas não questionam seu papel na sociedade, e são feitas em série, lembrando o velho modelo Ford de produção (viva Chaplin!). As mulheres usam as mesmas maquiagens, os mesmos modelos, e vão para a mesma clínica estática. Os homens tomam os mesmos remédios, ficando todos do mesmo tamanho, com as mesmas roupas, participando dos mesmos grupos. Os interesses são os mesmos, e não há espaço para qualquer coisa diferente. O engraçado é que estas mesmas pessoas (que, se levarmos ao pé da letra, são uma só) reclamam: "ui, falta novidade!!!". Quando olho para o lado, a imagem que vejo é mais ou menos a seguinte:
"But it only takes one tree,
to make a thousand matches
It only takes one match,
to burn a thousand trees"
Você prefere ser a árvore que gera mil fósforos, ou o único fósforo que queima mil árvores?
Eu prefiro ser a diferença que me faz uma pessoa única e especial.
Abraços.
Obs. 1: Sugiram temas. Este tema veio de uma conversa e rendeu uma boa reflexão. ;)
Obs. 2: PES 2010 usando músicas de 1997??? Viva o bom e velho Rock'n'Roll.
Obs. 3: Se alguém fizer o experimento que proponho, deixe seu comentário. É bom ouvir os leitores.